Eu procuro um lapso de silêncio
Que me encha de espaços.
Um outro corpo, um colapso.

Eu procuro
Um ponto sequer de força
Que garanta meu destino ao descanso.

Eu quero encontrar a falta de tudo
Como excesso.

Eu quero ver, sem ver
Um vento de gente refletindo gente
A cor da transparência.

Não há peso algum na vida
Que me impeça de ser tão leve.

Se meu corpo sentisse
Que a dor não é nada senão a nossa própria necessidade do pouco...
Nosso impulso à leveza...

Eu entenderia a morte.
E o mistério da vida.

(no canto de uma imagem, a expressão leve de mãos pesadas. Santiago de Cuba, maio/09).

Estive pensando sobre inocência
Sobre o risco de um desenho colorido.

a fina camada de luz que envolve o rosto de crianças e adultos.
a simplicidade dos pensamentos
a evolução da humildade.

Mas não chamaria a inocência pelo seu próprio nome ....
Chamaria-a de paz.

(o risco de um desenho colorido, o registro da paz. Mariana- MG - junho/2010)

É teu o direito de pensar
Que a vida só encontra sentido
Quando é medida

Conta-se as horas
Individualiza-se no espaço
Faz seu ego.

A paródia das três dimensões, somos nós!
Quanta miséria em tanto.
Quanta beleza no entanto.

Não há nada que satisfaça
A vista do Todo num Ponto.
A sua história inteira num ponto
No peito.

A humilde sensação do orgulho do tempo.

(ela me lembrou que histórias ficam guardadas no meio do peito, Ilha de Caio Gramma, Cuba, maio/09)